As perspectivas económicas de curto prazo na Guiné Equatorial são "muito duras", fato consubstanciado no "débil" crescimento do PIB real que, nos últimos anos, recuou 0,5% devido à descida dos preços do petróleo, alertou o FMI.
Malabo - As perspectivas económicas de curto prazo na Guiné Equatorial são "muito duras", facto consubstanciado no "débil" crescimento do PIB real que, nos últimos anos, recuou 0,5% devido à descida dos preços do petróleo, alertou, sexta-feira (09), o FMI.
Num comunicado, divulgado após uma avaliação económica concluída a 29 de Agosto último, o Directório Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) atribui as difiuldades enfrentadas pela Guiné Equatorial à manutenção da tendência de baixa nos preços dos hidrocarbonetos e a uma contração contínua da produção de petróleo.
"A debilidade das receitas petrolíferas e as limitadas margens de protecção levarão a novos cortes no investimento público que, por seu lado, provocarão uma profunda contração do setor da construção, prevendo-se que a atividade económica sofra nova contração, de quase 10%, em 2016", lê-se no documento.
Segundo o FMI, são poucas as probabilidades de que a economia global cresça a médio prazo, dado o peso ainda grande do setor dos hidrocarbonetos e o impacto da consolidação fiscal nas atividades que não estão vinculadas ao sector do petróleo.
No relatório, o FMI salienta que o ritmo de contração global "deverá desacelerar com o correr do tempo", à medida que a estratégia de desenvolvimento do país seja reorientada para a formação de recursos humanos e para a diversificação da economia produtiva.
Para o FMI, o choque nos preços do petróleo, iniciado em 2014, "deteriorou substancialmente" o desempenho da economia equato-guineense, levando em 2015 a uma "intensificação do ritmo de contração", com a atividade económica a cair 7,4%, puxada pela do setor petrolífero, que diminuiu 8,9%.
A atividade económica fora do setor dos hidrocarbonetos também desceu, 5,2%, dado que o ajuste fiscal "esfriou" o investimento público e a atividade da construção no setor privado. Esse ajuste fiscal, em curso, contribuiu para a redução do défice global de 4,9% do PIB em 2014 para 3,2% em 2015.
A situação fiscal, porém, continua sob pressão, uma vez que o financiamento do défice requer um endividamento interno em forma de crédito do banco central. O défice da conta corrente chegou aos 16,8% do PIB, enquanto a inflação foi "muito baixa", situando-se nos 0,6% durante o segundo trimestre de 2016, contra mais de 4% em 2014.
O FMI defende um "ajuste sustentado" das políticas para restabelecer a sustentabilidade fiscal, diversificação da economia, formação de quadros e melhorias no clima de negócios, bem como a redução das despesas correntes e o congelamento de novos projectos de investimento público, sem sacrificar os ligados à saúde e educação.
Segundo o FMI, apesar da banca equato-guineense "parecer estar bem capitalizada", o elevado nível de empréstimos e de crédito mal parado e a decrescente rentabilidade "exigem renovada vigilância".
A nota refere que, as vulnerabilidades do setor financeiro são produto dos vínculos entre os setores fiscal e financeiro, dado que a consolidação fiscal e os atrasos nos pagamentos por parte do Governo dificultam a atividade das empresas, propondo uma estratégia de reembolso dos atrasados acumulados.
A Guiné Equatorial é o mais recente Estado membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização a que aderiu em 2014.
Africa21 Digital
Sem comentários:
Enviar um comentário