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10 de setembro de 2016

GUINÉ EQUATORIAL: FMI alerta para crise na Guiné Equatorial

As perspectivas económicas de curto prazo na Guiné Equatorial são "muito duras", fato consubstanciado no "débil" crescimento do PIB real que, nos últimos anos, recuou 0,5% devido à descida dos preços do petróleo, alertou o FMI.
Malabo - As perspectivas económicas de curto prazo na Guiné Equatorial são "muito duras", facto consubstanciado no "débil" crescimento do PIB real que, nos últimos anos, recuou 0,5% devido à descida dos preços do petróleo, alertou,  sexta-feira (09), o FMI.
Num comunicado, divulgado após uma avaliação económica concluída a 29 de Agosto último, o Directório Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) atribui as difiuldades enfrentadas pela Guiné Equatorial à manutenção da tendência de baixa nos preços dos hidrocarbonetos e a uma contração contínua da produção de petróleo.
"A debilidade das receitas petrolíferas e as limitadas margens de protecção levarão a novos cortes no investimento público que, por seu lado, provocarão uma profunda contração do setor da construção, prevendo-se que a atividade económica sofra nova contração, de quase 10%, em 2016", lê-se no documento.
Segundo o FMI, são poucas as probabilidades de que a economia global cresça a médio prazo, dado o peso ainda grande do setor dos hidrocarbonetos e o impacto da consolidação fiscal nas atividades que não estão vinculadas ao sector do petróleo.
No relatório, o FMI salienta que o ritmo de contração global "deverá desacelerar com o correr do tempo", à medida que a estratégia de desenvolvimento do país seja reorientada para a formação de recursos humanos e para a diversificação da economia produtiva.
Para o FMI, o choque nos preços do petróleo, iniciado em 2014, "deteriorou substancialmente" o desempenho da economia equato-guineense, levando em 2015 a uma "intensificação do ritmo de contração", com a atividade económica a cair 7,4%, puxada pela do setor petrolífero, que diminuiu 8,9%.
A atividade económica fora do setor dos hidrocarbonetos também desceu, 5,2%, dado que o ajuste fiscal "esfriou" o investimento público e a atividade da construção no setor privado. Esse ajuste fiscal, em curso, contribuiu para a redução do défice global de 4,9% do PIB em 2014 para 3,2% em 2015.
A situação fiscal, porém, continua sob pressão, uma vez que o financiamento do défice requer um endividamento interno em forma de crédito do banco central. O défice da conta corrente chegou aos 16,8% do PIB, enquanto a inflação foi "muito baixa", situando-se nos 0,6% durante o segundo trimestre de 2016, contra mais de 4% em 2014.
O FMI defende um "ajuste sustentado" das políticas para restabelecer a sustentabilidade fiscal, diversificação da economia, formação de quadros e melhorias no clima de negócios, bem como a redução das despesas correntes e o congelamento de novos projectos de investimento público, sem sacrificar os ligados à saúde e educação.
Segundo o FMI, apesar da banca equato-guineense "parecer estar bem capitalizada", o elevado nível de empréstimos e de crédito mal parado e a decrescente rentabilidade "exigem renovada vigilância".
A nota refere que, as vulnerabilidades do setor financeiro são produto dos vínculos entre os setores fiscal e financeiro, dado que a consolidação fiscal e os atrasos nos pagamentos por parte do Governo dificultam a atividade das empresas, propondo uma estratégia de reembolso dos atrasados acumulados.

A Guiné Equatorial é o mais recente Estado membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização a que aderiu em 2014.
Africa21 Digital

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